A maioria da população brasileira gritou e vai continuar gritando contra 16 anos de política corrupta, não negamos isso, aliás, ao contrário, a corrupção, ou, injustiça, desigualdade, roubo, ódio, violência, individualismo, calúnia, guerra, sobretudo, a antiga fofoca, traduzida contemporaneamente em fake news e, todo instrumento da maldade deve ser contestado, combatido e banido cotidianamente por todos/as. Porém, nunca perder o brilho do olhar crítico e investigativo sobre as coisas que nos são apresentadas todos os dias. O filósofo Friedrich Nietzsche nos ensina, que jamais descobriremos “...o sentido de qualquer coisa, se não conhecermos qual é a força que se apropria da coisa, que a explora" Eu afirmo, essa coisa, seduz, alicia, desgoverna, descontrola, desarraiga, desabriga, ou nela se exprime, e ela, está diante de nós. Feliz daquele ou daquela que consegue driblar esse embaraço. O equilíbrio, sensatez, bom senso, discrição, comedimento, responsabilidade, prudência, cautela, sobretudo, cuidado: são valores fundamentais para aclarar a obscuridade que pleiteia a nossa visão. É bem nessa hora que faz sentido abrir bem os olhos! Necessitamos, sobretudo, auscultar a nobreza de um coração sábio. Jamais perder a elegância de poder ver nas dobras da história, as linhas que deformam nossa liberdade e democracia. Ao mesmo tempo, nunca desprender da gentileza do mais excelente sentimento, o amor. E, portanto, nunca perder o ponto de vista do sentido inteiro da história da humanidade, pois, ela nos ampara, acolhe e advoga por nós!
O ideal grego democrático é um esboço por conseguir. Talvez, uma meta inatingível em sua plenitude, mas, abandoná-la e repudiá-la em seu brotamento é uma péssima atitude histórica a ser tomada. A história do povo brasileiro, de sua cultura, educação, politica, ética, economia e vida social não se resume em dezesseis anos. A própria maioria que grita e inflama contra o esboço democrático busca e inflama com olhos vedados, ainda que abertos. Se o povo determina, assim será determinado. É óbvio, não todo o povo, tão-somente, uma parte, pois, mais de 31 milhões calaram a boca, milhões, mumificaram-se, ainda sim, continua sendo democracia. A dita ganhadora permaneceu escorada e amparada na constituição de 1988. A dita ganhadora identifica com a onda da intolerância, da violência, da tortura, da arrogância da prepotência, do medo: ironia pura, democracia corrompida. Em tempos imagéticos e da não leitura, expressamos aqui, pela boca do filósofo grego Platão, os dizeres de seu mestre Sócrates: Em verdade, a visão do pensamento começa a enxergar com agudeza quando a dos olhos tende a perder sua força: tu, porém estás ainda longe disso.
Parte, ou boa parte da população religiosa desse país grita e vai continuar gritando com as armas em punho, transmutando o sentimento do amor, em ódio. Estranho isso! Não compreendo de modo algum! Como professor universitário, certa vez, os/as estudantes initularam-me, ateu, entretanto, é um rótulo interessante, as escondidas dizem os/as professores/as que comigo trabalham esquisito, louco .Refletindo hoje, 28 de outubro, dia da eleição para presidente do país, parece que compreendi um pouquinho mais de política e religião. Se, os legisladores elaboram leis para seus privilégios, também os religiosos assim o fazem. Se aqueles que governam desconhecem o sentido das leis, também os doutores do templo nunca souberam sequer interpretar um iota da história da vida desse tal Jesus. Aos que comigo trabalham, apenas aplausos para todos e todas, acertaram em cheio: L' uomo questro squilibrato: o homem esse desquilibrado
De acordo com a narrativa, em sua totalidade, os evangelhos não são distintos e contraditórios, tão-somente, a hermenêutica, entretanto, quando, rasteira e marginal, acontece o que aconteceu ! Estando Jesus para ser crucificado, disse ao discípulo e amigo Pedro, após esse, desembainhar a espada e cortar a orelha de um soldado, “Guarda essa espada, se meu Pai quisesse intervir aqui, certamente, enviaria uma legião de anjos para acabar com os que querem tirar-me a vida.”, a continuidade desta história, os cristãos conhecem um pouco, mas, a grande maioria desconhece profundamente. Esse talvez seja o drama de sempre
Pleitear a cadeira presidencial com argumento e comportamento que traduz, naturaliza e institucionaliza a tortura, violência, ódio, homofobia, preconceito em nome da religião é inaceitável – inadmissível. Espalhar ódio, terror, medo, difundir, guerra e intranquilidade social em nome da ordem e do progresso também, incabível. Homofobia de Bolsonaro é da boca para fora, ele tem uma alma democrática, anunciou uma celebridade fabricada em territórios midiáticos.
O poeta não está morto foi ao inferno e voltou! “O poeta está vivo com seus moinhos de vento a impulsionar a roda da história”, (letra de Dulce Quental e melodia de Frejat,) “A tua piscina está cheia de ratos, tuas ideias não correspondem aos fatos, o tempo não para, eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades, o tempo não para.” In memoriam Cazuza.
Com arrogância comunicamos interesses próprios, espalhamos atitudes calculistas, comportamentos atravessados, condutas egoístas e individualistas, hábitos orgulhosos, maldosos, carregados de bestialidade e ódio. Tudo em nome do aplauso? Acima de tudo, estamos incrustados/as de um sentimento de ódio. Tudo isso em nome da política e da religião? Quem ensinou-nos essa artimanha? Foi esse tal Jesus? Se essa é a conotação final, preferência aos ateus! Uma só andorinha não faz verão, 16 anos não fazem e nem representam a corrupção de um país. Observem e olhem com olhos do pensamento, com efeito, a história não começa e nem termina hoje! Esconderam o lixo debaixo do tapete. Qual governo teve a intenção de procurá-lo? A história deve ser revista todos os dias, se for preciso corrigi-la, faremos isso cotidianamente, entretanto, sem ódio, sem preconceitos, sem máscaras, sem terror, sem violência, sem selvageria, tão-somente, com liberdade e democracia podemos continuar.
Com ideias tortas, roubadas, atravessadas, usurpadas e monopolizadas, assim, nos tornamos brasileiros. “...eu sou o cara, cansado de correr na direção contrária, sem pódio de chegada, ou beijo de namorada. Mas, se você acha que estou derrotado, saiba que ainda estão rolando os dados, pois, o tempo não para. Eu vou sobrevivendo sem um arranhão da caridade de quem me detesta. Te chamam de ladrão, bicha, maconheiro, travesti, gay, transforma esse país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro.